No futebol, hoje em dia, falamos muito de Messi, Cristiano Ronaldo, do time do Barcelona, dos esquemas com três atacantes, de Neymar, Robinho, Ganso e André…enfim, para quem gosta de futebol-arte, futebol-muleque (ou seja lá qual a definição mais atual do futebol jogado com velocidade, habilidade e por que não, sacanagem), o mundo da bola tem nos dado um prato cheio em vários campeonatos, inclusive no Brasil, onde a moda dos times com três zagueiros e dois volantes, três zagueiros e três volantes (acredite, isso existe), o famoso 3-6-1 do Ney Franco, que em algum momento ele utilizou por onde passou, está acabando, ao que tudo indica.
Os times entenderam que é necessário marcar, e marcar firme, mas que para isso não é necessário um amontoado de jogadores que não produzem ofensivamente. Basta ver o Santos, com Arouca (segundo volante improvisado de primeiro e jogando muito), os outros dois componentes são Marquinhos e Paulo Henrique, dois meias, habilidosos, mas que se voluntariam na marcação, assim como o também participativo Wesley, que devido ao sucesso de Marquinhos, foi deslocado para a lateral direita. Além desses, é de se prestar atenção na volta dos “meninos da dancinha”, tanto Neymar, quanto Robinho e também André voltam para ajudar seja pelo meio, atrasando o contra-ataque ou pelas laterais, atasanando as subidas dos alas. Ainda assim, o Santos tem um ataque com média de 3,4 gols por jogo na temporada e sempre jogando pra frente. Ter 6 jogadores (meio campo e ataque) que tem vocação ofensiva está atrapalhando o Santos? Acho que não.
O Barcelona do Messi e também do Xavi (tão genio quanto Messi, na minha opinião) joga também no mesmo sistema. O time titular tem sido: Victor Valdés, Daniel Alves, Puyol, Piqué, Abidal, Sério Busquets, Xavi, Iniesta, Pedro, Messi e Ibrahimovic. Tudo bem, um meio campo com três “volantes” de origem, porém que rendem muito no ataque, Xavi é um exímio passador e finalizador, Iniesta é presença constante nos ataques sempre entrando na linha de fundo atrás dos zagueiros para fazer a jogada, Pedro, movimentação absurda pelo lado esquerdo e também centralizado, Ibrahimovic, ta devendo, mas sabe o que fazer, e Messi, bom, se for falar do Messi vai demorar muito…a questão é, o time marca muitos gols, e sofre poucos.
O que Barcelona e Santos tem em comum?
Na minha humilde opinião, ambos jogam bonito, com qualidade, com habilidade, com magia (para alguns) e nem por isso deixam de ser eficientes. O Santos, é claro, precisa ainda ganhar títulos para se tornar um time mais expressivo, mas tem feito apresentações de gala, precisa ser mais constante. Constância essa que sobra no esquadrão de Messi e companhia…
Os dois times sabem o que fazer com a bola, sabem tocar, abrir espaços, se movimentar, sem dar espaços ao adversário, e quando perdem a bola sabem marcar a saída de jogo do adversário ali na frente, recuperando muitas vezes e criando novas jogadas imediatamente.
A nossa seleção vai para a Copa com Gilberto Silva (regular), Felipe Melo (regular quando lembra de jogar sem os cotovelos, sem tomar cartões desnecessarios), Elano ou Ramires ou Daniel Alves (sim, nosso reserva da lateral É a melhor opção) e Kaká (mas o Kaká do Milan, melhor do mundo, rápido, inteligente e decisivo ou o do Real Madrid, apagado, machucado, lento?), enfim…a seleção brasileira exala pragmatismo quando joga, toca de lado a lado sem produzir nada e com uma lentidão que abisma que vê. À excessão das subidas de Maicon (sempre melhor com Daniel Alves a seu lado), um surto do capitão Lúcio (um monstro na zaga, mas que dá calafrios quando sai com a redonda) ou um lampejo de Kaká, Robinho e do Fabuloso Luís Fabiano, o que faremos? Vamos ver o tempo passar e tocar de lado? Não é todo jogo que o tão temido “contra-ataque” da seleção vai resolver.
Não valia a pena ter investido num meio-campo mais dinâmico? Mas como discutir com gente que só vê os resultados? Sejam eles conseguidos de qualquer maneira…Dunga ganhou tudo, parabéns, o time realmente demonstra disposição na marcação, além dos milagres do Julio César…mas só essa disposição vai resolver?
A história das Copas até joga a favor de Dunga. A Itália, sempre burocrática é tetra, o Brasil de 94, que não empolgou e também era burocrático, ganhou, o Brasil do futebol arte, em 1982, perdeu…Paciência. Como digo, contra fatos não há argumentos. Mas ainda assim, acho mais fácil vencer com qualidade aliada a disposição que com disposição aliada a disposição.
Vamos ver no que vai dar…Vamos lá Brasil, ou vamos lá futebol arte??
Paulo Henrique